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Discussão: Gwent precisa de mais RNG?

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10 de dezembro de 2017

Com os primeiras cartas da próxima expansão reveladas, volta à tona discussão antiga no Gwent e nos card games de maneira geral: RNG – random number generation – ou aleatoriedade, é bom para o jogo?

Primeiramente, clarifico que todas as opiniões plasmadas neste texto refletem a opinião de seu autor, que pode ou não coincidir com a de outros membros do Taverna. Destaco, ainda, que se trata de opinião e convido todos que dela discordem para se juntarem à discussão nos comentários! 🙂

 

Breve Contextualização

RNG, nos card games, é termo que refere à aleatoriedade presente no jogo, seja nos efeitos das cartas, seja nas próprias regras básicas – a exemplo do lance da moeda no Gwent.

Posto isso, é importante entender que o RNG é intrínseco a qualquer jogo de cartas – do “Tapão” ao Hearthstone – e faz parte do próprio conceito do gênero. Afinal, se não à controle sobre o que sairá na mão, desde o início da partida, como acontece em todos os jogos de cartas que conheço, já aí há RNG.

O Gwent, por sua vez, se propõe como card game que prioriza a habilidade do jogador em detrimento do fator sorte. É daí que se define boa parte de suas premissas, a exemplo do tamanho reduzido dos decks  e a abundância de efeitos de afinamento e tutores. No entanto, o jogo sempre legou certo espaço ao RNG – e aqui cito cartas como Dracar Bélico e Joachim de Wett.

Ocorre que o impacto da aleatoriedade sempre foi diminuto ou controlável. No caso do Dracar Bélico, a carta é utilizada pelo valor produzido pelos disparos, não pela disrupção acidental que as vezes promove. Joachim, por sua vez, pode ter controlado seu RNG através de afinamento e utilização tardia na partida.

Nesse sentido, é correto afirmar que, no Gwent, predominam cartas de RNG contido, ou seja, de menor impacto ou controlável, em contraponto ao RNG mais amplo de jogos como Hearthstone, que costuma ser tido por parâmetro de jogo com maior influência de aleatoriedades.

Passemos, agora, a análise das repercussões do RNG e como isso se traduz para o Gwent.

 

Consequências do RNG

Reitera-se o que já foi dito: RNG é intrínseco a qualquer card game. O que varia para cada jogo é o impacto geral da aleatoriedade, de acordo com as opções de desenvolvimento postas a efeito. Analisaremos, portanto, como o RNG pode repercutir sobre um jogo e sobre o Gwent especificamente.

A primeira consequência do RNG é dar certo grau de singularidade à partidas, visto que determinada carta, dotada de aleatoriedade em seu efeito, vai se comportar de maneira diversa a cada disputa. Se Príncipe Stennis puxa Aríete em uma partida e Batedor dos Listras Azuis em outra, influencia cada uma delas de maneira diversa, a torná-las únicas entre si. Resultado disso é que os jogos se tornam menos repetitivos, e, portanto, mais proveitosos para o jogador ao longo do meta.

No contexto do Gwent, não é diferente. Esse é, sem dúvida, o ponto forte do RNG e o que o torna tão necessário, ainda que em sua versão mais contida.

O segundo desdobramento do RNG é conferir maior imprevisibilidade às jogadas. Nem quem joga, nem quem assiste sabe como a carta com fator RNG vai se comportar e, portanto, desconhece como aquilo vai influenciar o rumo da partida. Note que imprevisibilidade e singularidade são decorrências conectas entre si.

E imprevisibilidade é bom? A resposta para essa pergunta é um tanto subjetiva e depende dos referenciais de cada jogador, bem como das premissas assumidas por cada jogo. Para o Gwent, diria que é faca de dois gumes.

Isso porque imprevisibilidade é algo que dificulta a prevalência da habilidade do jogador, algo que contrasta com a premissa de confiabilidade e primazia da técnica que o Gwent vende a seus consumidores, além de prejudicar o aspecto competitivo do jogo – sob a ótica dos competidores.

Por outro lado, imprevisibilidade torna qualquer tipo de disputa mais emocionante para quem assiste. Especificamente no Gwent, em que já se conhece as cartas das quais os jogadores disporão desde o começo do jogo, e, consequentemente, já se tem noção do destino que a partida tomará, a abertura do jogo a eventos inesperados é ainda mais valiosa para o expectador. Nesse sentido, portanto, RNG é saudável para o cenário competitivo, sob a ótica da audiência.

Terceiro efeito do RNG em um card game é torná-lo mais acessível a jogadores menos habilidosos e experientes. Isso porque, como dito, até por influência da imprevisibilidade supra-mencionada, o RNG reduz o impacto da capacidade técnica dos jogadores no resultado das partidas. Em outras palavras, é mais provável que um novato vença um veterano caso aquele tenha a chance de  encaixar “golpes de sorte”.

Essa terceira consequência, ao contrário das demais, me parece puramente negativa diante das premissas do Gwent, justamente pelo que já falei sobre se tratar de um jogo que se propõe a premiar habilidade.

Há quem defenda, ainda, que o RNG, para o Gwent, teria mais duas implicações: combater a estagnação rápida do meta e reduzir a determinância do lance da moeda sobre o resultado. Há que se discordar de ambas.

O meta do Gwent, de fato, tem estagnado após relativamente pouco tempo após o lançamento de atualizações, ainda que nelas haja introdução de novas cartas ou balanceamentos vertiginosos. Isso acontece por conta da quantidade restrita de cartas disponíveis no jogo e pela facilmente constatável predominância de certos arquétipos sobre os demais. Se todos os jogadores tem condições de saber quais os decks mais sólidos e de reproduzi-los – especialmente por netdecking – é apenas natural o metagame se mostrar estagnado em torno daqueles baralhos com relativa rapidez, especialmente nos estratos mais competitivos da ranqueadas.

O RNG, nesse contexto, não impede esse processo de identificação e reprodução dos melhores decks, e portanto, não se mostra efetivamente relacionado à questão. Sua relevância para o tema da estagnação do meta está na já abordada singularidade que confere aos jogos, de modo a reduzir a sensação de repetitividade a cada partida – o que nada tem a ver com tornar espectro de viabilidade dos baralhos mais amplo.

Sobre a questão do lance de moeda, argumenta-se que o aumento do RNG das cartas em geral reduz a diferença das taxas de vitórias entre jogadores que perderam e que ganharam o lançamento, sob o ponto de vista estatístico.

Isso, no entanto, não significa que mais aleatoriedade nos efeitos torna menor a desvantagem de quem tem que fazer a primeira jogada. O que acontece é que, quando se tem outros fatores condicionados a sorte em tela, sair-se mal em um deles – no caso, o lance da moeda – pode terminar por ser contrabalanceado ter vantagem em outros.

Perceba-se que mais RNG não minimizaria o impacto da moeda, apenas permitiria que quem perdeu o lance viesse a ter vantagem, pelo fator sorte, não pelo fator habilidade, em outros eventos randômicos. Por outros termos, haveria mais aleatoriedade, o que, como dito, confronta as premissas do Gwent.

 

Conclusão

Importante que o leitor entenda que a positividade/negatividade do RNG para um jogo está intimamente relacionada ao referencial de cada jogador. Há quem prefira mais randomicidade e quem priorize aspectos mais técnicos do jogo. Para tanto, é sempre bom ter em mente as efetivas consequências dos fatores aleatórios sobre os card games em geral e sobre o Gwent em específico.

A tomar por referencial as premissas do Gwent, no entanto, fica claro em que o RNG as promove ou as compromete, nos termos discorridos acima.

Reitera-se, no entanto, que a existência de RNG é intrínseca a qualquer card game e que, no Gwent, ele se manifesta em feições mais contidas, seja pelo impacto diminuto ou pela considerável grau de controle que o jogador pode exercer sobre ele por meio da construção e pilotagem do deck. Pessoalmente, considero que o jogo se encontra em estado saudável nesse quesito, e que a aleatoriedade existente esta em nível que compromete em nada a experiência de quem busca jogo que valoriza a habilidade do jogador.

Do que já se viu das cartas que virão na próxima atualização, parece tendência que o RNG geral do jogo aumente, tanto pela introdução de mais cartas com tal característica – a exemplo de Demônios Inferiores e Traficante de Escravos – quanto pela modificação da mecânica de Surgir. A mudança, no entanto, não me parece suficiente para gerar preocupação ou comprometer o aspecto técnico do jogo.

E você, o que pensa sobre o RNG no Gwent e sobre o que o novo patch tem pra nós nesse quesito? Deixe-nos suas impressões nos comentários!

OBS: para o contraponto, recomendo o vídeo a seguir, em defesa de mais RNG no Gwent, com argumentos coerentes e bem expostos: https://www.youtube.com/watch?v=h50ZRI3hCdo (infelizmente em inglês).

 

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3 Comments
  1. Responder

    Ivanhoé Oliveira

    3 de março de 2018

    Essa questão de aleatoriedade x habilidade, no longo prazo, não é determinante.

    Pode ser pra quem joga casual, 3 vezes por dia.

    Pra quem joga ranqueado, fica claro que no médio/longo prazo, vence o melhor jogador / melhores decks.

  2. Responder

    Marcos KarraskO

    11 de dezembro de 2017

    Tudo é válido, desde que você não seja obrigado a usar.
    Competitivamente, quase sempre não vai valer a pena, mas por diversão num game casual, é da hora.
    E aleatoriedades em que é possível ter algum controle e minimizar a possibilidade de resultados negativos, são as que mostram a diferença de habilidade entre jogadores.

    • Responder

      Dmm17

      11 de dezembro de 2017

      Também tive a impressão, pela nível das cartas reveladas, que não terão tanto espaço assim nos ranks mais altos. Não to preocupado com a atualização não, pra ser sincero. Ruim seria se introduzissem efeitos mais bombásticos condicionados ao RNG mais incontrolável, ao estilo Yogg-Saron.

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