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Cinema Filmes Netflix

Análise: O Irlandês, de Martin Scorsese.

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11 de dezembro de 2019

No meio de toda a polêmica do ataque de diretores do cinema arte às obras da Disney (em seu Universo Cinematográfico Marvel), o novo filme de Scorsese vem para mostrar o que o diretor considera cinema de verdade.

Olás meus queridos! Hoje trago uma pequena análise do mais recente sucesso da Netflix, que vem bombando nas redes sociais ultimamente.

Baseado na história real de Frank “o irlandês” Sheeran, envolvido com a máfia e acusado de ser um dos principais responsáveis por um dos crimes mais enigmáticos dos Estados Unidos, o desaparecimento do líder sindical James Hoffa, o filme definitivamente não é para todos os públicos. Seus assassinatos à sangue frio e ritmo de edição deixarão os cinéfilos relembrando a trilogia o poderoso chefão o tempo inteiro.

Outro fator que delimita seu público, além da classificação etária óbvia, seria justamente a história em si. Com 3 horas e 29 minutos de duração, os diálogos longos e elaboração lenta da trama tornam o filme “arrastado” quando comparado à outros filmes do gênero (suspense), dando mais a impressão de se estar assistindo à um documentário do que à um filme tipicamente hollywoodiano.

Mesmo com esses fatores pendendo para o lado negativo, Scorsese consegue prender o espectador à cadeira com maestria. O equilíbrio entre as cenas de tiroteio e os momentos mais tranquilos permite que, quando o espectador está quase perdendo sua atenção, volte rapidamente para o filme, como quem recebe um balde de água fria na cara para espantar o sono.

O que também influencia nessa sensação são os diálogos e a brilhante interpretação de todos os atores. De Niro (no papel de Frank Sheeran) é o típico “capacho”: faz de tudo para agradar à tudo e todos, colocando sua honra, respeito e integridade em cheque à todo momento, como forma de sobreviver e crescer no meio da máfia. Enquanto isso, Al Pacino (como James Hoffa) é o seu total oposto: não mede as palavras, se mantém fiel à sua própria palavra e não muda de opinião, mesmo que esta custe sua vida.

Por falar nisso, a menção honrosa em atuação vai para John Pesci, no papel do líder mafioso Russel Bufalino. A sua presença de tela faz com que seu personagem lembre em muitos momentos Don Corleone, mostrando que a insistência de Scorsese em que ele fizesse o papel valesse à pena (rumores citam que Pesci se recusou cerca de 50 vezes à deixar a aposentadoria e viver Bufalino, antes de finalmente se render).

(Pesci, colocando ares de patrão e amigo em doses perfeitas em seu papel).

A trilha sonora também não faz feio no filme. Com músicas que embalaram as décadas de 50 e 60 (período em que o irlandês fez sua fama nos EUA), o filme consegue causar muita aflição e alguns nós na garganta, com o uso de músicas como “Honky Tonk Part 1” durante uma sucessão de carros sendo explodidos, criando uma expectativa praticamente cliché para o momento em que a esposa de Hoffa entra no carro e encaixa a chave no contato (o que vem depois, deixo para vocês conferirem no filme).

Porém, apesar de todos os pontos à favor da história, não pense que entender tudo será fácil como um passeio de carrossel. O filme inicialmente se divide em 3 linhas temporais, começando (como muitos clássicos de Scorsese), com uma cena de declínio impactante (no caso de o irlandês, vemos Frank já idoso e debilitado fazendo os preparativos finais para a sua morte). A partir disto, o filme vai explicar como o personagem chegou à este ponto, usando a própria narrativa do personagem para mostrar três períodos diferentes de sua história: seu antigo emprego como motorista de um frigorífico que o levou a começar à “pintar casas”(termo usado para se referir aos assassinos ligados à máfia) e como houve seu envolvimento com James Hoffa, uma viagem com Russel e suas respectivas esposas para um casamento, e seus anos de velhice, nos quais o filme se inicia.

É importante manter bem a atenção nos detalhes dessas linhas temporais, que vão se fundindo lentamente até o final do filme, pois se distrair demais pode fazer com que o espectador deixe de aproveitar o filme, simplesmente por não encontrar mais como determinada cena se encaixava com a próxima.

Outro fator que pode causar bastante incômodo é justamente a tecnologia utilizada para criar as três linhas temporais. A Industrial Light and Magic, empresa fundada na década de 70 por ninguém menos que George Lucas, fez um trabalho impecável utilizando a técnica de de-aging nos personagens. Porém, para produzir o efeito, é necessário o uso de câmeras múltiplas, que utilizam um jogo de luzes coloridas para captar e interpretar diferentes imagens do rosto dos atores, que depois são finalizadas por meio de computação gráfica. Porém, justamente esse jogo de luzes é o que causa algum desconforto, por deixar os olhos de Robert De Niro em muitos momentos com uma cor azul supersaturada.

(Apesar da qualidade ruim da imagem, devido ao meu computador, nota-se a cor azul artificial nos olhos de De Niro).

Uma curiosidade interessante é que o filme em si não foi só exibido por meio da Netflix. Apesar da plataforma de streaming ser a responsável por toda a produção (e única que quis assumir o risco de uma produção cujo orçamento bateu 175 milhões de dólares), o filme foi exibido em oito salas de cinema nos EUA e 19 salas dos cinemas brasileiros. Mais que uma estratégia para aumentar os lucros do filme, tais exibições ocorrerão justamente porque, para que um filme seja indicado ao Oscar, a academia exige que o mesmo tenha se mantido ao menos uma semana em exibição em salas de cinema.

Pesando os pontos negativos e positivos, podemos dizer que o filme em si é uma obra prima que realmente merece toda a atenção que tem chamado. Recomendo fortemente as horas passadas em frente à tela, e deixo a dica de que não assistam tarde da noite ou quando estiverem cansados, pois as chances de dormir em meio as cenas de diálogo mais longas são altíssimas.

E para quem está pensando se vale a pena ficar 3 horas e meia sentado vendo a mesma coisa, recomendo fortemente a leitura do livro que inspirou o filme . O ritmo e estilo de escrita do mesmo fazem o leitor sentir como se estivesse sentado comendo e bebendo com Frank enquanto ele conta casualmente a sua história, como se fosse um velho amigo que não se vê faz muitos anos. Garanto que, após a leitura, o filme será muito mais prazeroso e fácil de entender do que aparenta!

Encerro por aqui minhas considerações. Abraços aos frequentadores da taverna e até breve!

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