Exatos sete anos atrás, a música que mais se ouvia em rádios, youtube e televisão era “Let it Go” (livre estou, na versão brasileira). Com uma história simples, que quebrava o padrão clássico da princesa em perigo resgatada por um belo príncipe, Frozen superou as espectativas de muitos e se consolidou como o queridinho das crianças, chegando a superar, em sua semana de estréia, a bilheteria do aclamado clássico o rei leão.
Agora, em pleno início de 2020, surge a continuação da história. A disney é conhecida por não conseguir emplacar continuações de peso, geralmente entregando histórias fracas, com animação muitas vezes ruim (vide as distorções evidentes na movimentação dos personagens em Mulan II) e com roteiro minimamente confuso. Com Frozen II, a história é muito diferente.
Se no primeiro, vimos Elsa revelando seus poderes e aprendendo à controlá-los, no segundo a veremos buscar o por que de ter tais poderes, servindo uma história da juventude de seus pais como pano de fundo para desvendar este mistério.
Em Frozen II, os personagens estão mais maduros (passaram-se três anos desde que Elsa revelou seus poderes) e questões como relacionamentos, futuro e expectativas são tratadas de maneira leve e muitas vezes cômica durante o filme. Muitas pontas soltas do primeiro filme também são resolvidas no filme, como o motivo verdadeiro da viagem de navio dos pais de Anna e Elsa e porque Anna não possui poderes como sua irmã.
Evitando maiores spoilers, vamos passar agora para uma análise mais técnica da animação. Para começar, é muito importante notar a evolução na animação. Seguindo os passos da Pixar, a disney investiu pesado no uso de texturas e detalhes, fazendo as roupas (mesmo as criadas pelo gelo de Elsa) parecerem mais realistas, dando até mesmo a impressão dos diferentes pesos de cada tecido no corpo dos personagens. Outro fator da animação que enche os olhos é a cena presente nos trailers, onde Elsa canta o tema principal do desenho, cujos efeitos de luz e animação lembram muito a delicadeza empregada nos traços de Fantasia (1940).
Falando em canção, a música tema é tão chiclete quanto Let it Go foi para o primeiro filme. As demais músicas também carregam mais emoção do que no primeiro, focando menos em canções de fundo cômico e trazendo um foco mais condizente com a situação em que aparecem. Além disto, a escolha da cantora Aurora para fazer a voz misteriosa que guia Elsa durante o filme, foi um acerto em cheio. Os tons agudos leves da voz da mesma casaram perfeitamente com a voz de Idina Menzel.
Quanto ao roteiro, evitando spoilers, Frozen II supera com margem larga o seu antecessor. Praticamente não há pontas soltas, a forma como novos personagens são introduzidos é fluida e não temos um vilão de motivação fraca e sem sentido surgindo do nada no meio da história. A história também aborda sentimentos mais complexos explorand amadurecimento, impermanência, falsidade, corrupção e morte como alguns dos temas centrais (além dos clássicos comédia, romance e amizade), mostrando que a fórmula mágica da Pixar parece ter contagiado também os roteiristas da casa do rato.
Outro ponto que muitos com certeza irão se divertir é o fato de que, aparentemente, nem a própria disney aguenta mais a canção tema do primeiro filme. Em vários momentos da animação, são feitas referências hilárias à ridicularidade da cena, ficando a própria Elsa envergonhada por ter protagonizado tal canção.
Em resumo, na minha humilde opinião, Frozen II traz uma história mais coesa e bela que o primeiro, valendo muito a pena o dinheiro gasto no ingresso.
Ah e não saiam do cinema após o final do filme! Há uma cena pós-créditos bem engraçada para quem aguentar a espera!
Fonte das imagens: site oficial disney e trailer oficial do filme.