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Entenda Gwent

ENTENDA GWENT – AULA 5: PRATAS E OUROS

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21 de março de 2018

Introdução

Semana passada, falou-se na importância das bronzes como estrutura de sustentação de qualquer baralho e discorreu-se sobre formas de analisar e avaliar a viabilidade das cartas da cor.  Hoje a abordagem será semelhante, mas voltada às ouros e pratas.

O Papel das Pratas e Ouros

Foi dito que as bronzes são o cerne, o esqueleto que da sustentação ao deck. Isso porque elas compõem a maior parte dele e, portanto, precisam formar conjunto sólido. O baralho deve funcionar relativamente bem somente com as bronzes e ter nas ouros e pratas injeções de valor ou utilidade, sem que delas crie dependência.

Nesse contexto, sob meu ver, é esse o significado das ouros e pratas: valor e utilidade extra – as quais não integram o plano central do deck, que delas independe para funcionar.

Com isso, não nego a importância das pratas e ouros, não mesmo, pelo contrário. Dizer que são injeções ou doses extra de valor e utilidade significa reconhecer que provêem essas duas benesses com primor que às bronzes não é dado. Ora, se o baralho funciona pelas bronzes, e as ouros e pratas fornecem mais valor e utilidade que elas, o emprego dessas duas cores é importantíssimo e pode significar o limite entre sucesso e fracasso.

Metaforicamente, as pratas e ouros seriam o “nitro” do carro, que dele não depende para rodar, e só com base nele não venceria corrida nenhuma, mas empurra o veículo para o ápice de seu desempenho e, com isso, representa instrumento valiosíssimo ao pódio.

Na prática, essa aptidão das ouros e pratas a fornecer mais valor e/ou utilidade que as bronzes se traduz, em geral, em acentuação de qualidades ou preenchimento de defeitos.

Por exemplo:  muitas vertentes do arquétipo Nilfgaard – Alchemy se apoiam em Cahir Dyffryn – para ressuscitar Jan Calveit – como finalizador, eis que é jogada que põe em campo muito valor de forma imediata. A jogada se encaixa perfeitamente no contexto do baralho, que, por não empregar motores de valor constante, funciona melhor em rounds curtos, onde prevalecem as cartas de poder concentrado, como o Cahir. Perceba, com isso, que Cahir Dyffryn, uma carta ouro, atua acentuando uma qualidade do arquétipo Alquimia – força em rounds curtos.

Em outro exemplo , destaco o Javardo do Mar, uma ouro de função motora absolutamente sinérgica com o arquétipo Skellige – An Craite: Espada. No baralho, O Javardo do Mar fornece dano ao An Craite: Espada – a suprir a fraqueza representada pela dependência em relação aos Dimun: Dracar Leve – e fortalecimento de unidade – o que acentua a qualidade de ressuscitar cartas poderosas.

Semana passada, mencionei o baralho Scoia’tael – Elfos/Enxame, com Brouver Hoog, e o combo Brouver/Yaevinn/Cutelo, e afirmei que esse se prestava a suprir uma das fraquezas daquele arquétipo. A vantagem de cartas proporcionada pela combinação mitiga a ineficiência desse baralho em rounds curtos. É outro exemplo de ouros e pratas que se encaixam no suprimento de deficiências.

Demonstrado meu ponto, importa desfazer possível confusão. Quando digo que as bronzes constroem a estratégia central, da qual as ouros e pratas são apenas acessórios, me refiro ao campo mecânico e sinérgico, não ao de condução e  manejo dos rounds. Nesse todas as três cores de cartas são importantes.

Como injeções de valor/utilidade e elementos que acentuam ou mascaram forças e fraquezas dos baralhos, as ouros e pratas são importantíssimas na estratégia de condução dos rounds. Retomando a metáfora do “nitro”, ao qual as ouros e pratas se assemelham, por óbvio que precisa ser contemplado pelo plano de corrida do piloto, sob pena se subutilização de seu potencial. Guardá-lo para a reta final – ou para o último round -, não desperdiçá-lo antes de freadas forçadas – ou na expectativa do passe adversário – e dosá-lo para impedir a ultrapassagem por outro piloto que se aproxima – ou para se manter a frente no contador e, com isso, impedir o oponente de passar o round em vantagem – são fragmentos da utilização estratégica do “nitro”, das pratas e das ouros.

Em suma, por serem cartas com maior nível de valor/utilidade que as bronzes, representam injeções de valor/utilidade e , com isso, se prestam a acentuar qualidades ou suprir fraquezas,, o que, a toda evidência, deve sempre integrar a estratégia em jogo. Na minha perspectiva, esse é o papel das ouros e pratas no Gwent.

Métodos de Avaliação e Análise por Contra-jogo

Basicamente, o que foi falado à aula passada sobre avaliação da bronzes – pelas análises direta, sinérgica e por preenchimento – se aplica a qualquer carta, de forma geral. Vale, portanto, para as pratas e ouros e se opera de forma parecida.

Em resumo do que foi dito, a análise direta consiste na avaliação do valor consistente e do potencial da carta – com ênfase maior em um ou no outro, a depender da preferência do jogador e das circunstâncias de jogo – em cotejo com a condicionalidade da carta. Faz-se isso com a carta em isolado. A análise sinérgica emprega os mesmo critérios da direta, com a diferença de fazê-lo sobre um conjunto de cartas, para, assim, melhor computar o impacto das interações entre elas. A análise por preenchimento vale para suprir as últimas vagas de um baralho semi-estruturado, com cartas que, se não diretamente sinérgicas, complementam a estratégia perseguida. Todos as três formas de análise se aplicam às ouros e pratas, sob praticamente os mesmo moldes.

No entanto, resgato o que foi dito: as bronzes são o principal, as ouros e pratas o acessório. Aquelas constroem o baralho, conceituam e estruturam-no, enquanto estas acentuam qualidades e ou encobrem defeitos. Assim, regra geral – sem prejuízo das exceções – escolhe-se primeiro as bronzes, depois as demais. Por conta disso, ainda que determinada ouro/prata seja reputada viável por meio das análises direta e sinérgica, sempre haverá, em última análise, algum grau de análise por preenchimento na escolha.

Por óbvio, algumas ouros e pratas são simplesmente viáveis por conta própria, mesmo quando não estabelecem sinergias, de forma que se encaixam em qualquer deck e nele desempenham o papel esperado. Cito: Shani, Caseiro, Príncipe Stennis, Vilgefortz, Seltkirk, Sigrdrifa, Aglaïs, Hattori e Ninho de Monstro dentre muita outras. No entanto, mesmo elas ainda clamam algum grau de análise de preenchimento para sua inclusão, para avaliar o que exatamente proverão ao baralho e se não há nenhuma outra carta da mesma cor que se relevaria mais eficiente naquele deck.

Acontece que identifico um quarto método de avaliação, não abordada na aula passada, deixado para esta, por ser mais bem aplicável às ouros e pratas. Chamo-o análise por contra-jogo, que basicamente consiste em aplicar os critérios da análise direta e da sinérgica com base em situação de jogo em que a carta avaliada countera outra muito comum no meta. Por outros termos, identifica-se uma carta recorrente no ambiente do jogador, depois outra carta apta a combatê-la e, a partir disso, avaliasse a viabilidade da segunda com vistas em inseri-la no baralho.

Digo que o método melhor se adequa às ouros e pratas porque nas vagas dessas há, em geral, mais liberdade que na escolha das bronzes, já que não constituem o cerne do baralho. Repare que a análise por contra-jogo se aproxima da análise por preenchimento, eis que ambas preenchem espaços vagos em baralhos semi-estruturados.

Finalizo com exemplo: no arquétipo Skellige – Tuirseach: Veterano, mencionado na aula passada, tem-se por conceito fortalecer o conjunto bronze, formado por cartas do clã Tuirseach, por efeito dos Veteranos. Nas vagas de ouro, quase não há cartas consideradas impositivas, e as vagas são relativamente versáteis. Para preenchê-las, é bem viável avaliar que ameaça tem sido recorrente no meta e escolher de acordo. Caso no ambiente do jogador seja fundado o temor de ter pela frente o Imlerith: Sabá, pode-se, para conterar, incluir na lista o Vesemir: Mentor e a Mandrágora, ou mesmo o Lugos Maluco.

Comentários Adicionais

Resta exposto o principal entre minhas impressões acerca das ouros e pratas. Apenas para arrematar a publicação – que já se alonga demais – complemento com algumas observações finais.

A primeira delas é que tratei as ouros e pratas de forma indistinta pelo fato de serem cartas restritas a cópias únicas e a limite de vagas em cada baralho. Essa peculiaridade não pode ser subestimada, e é basicamente o único atributo qualitativo que as separa das bronzes – no mais, a diferença é de nível de poder. Se ainda vigorasse a imunidade das ouros, haveria maior sentido em tecer comentários sobre elas em separado das pratas.

Não obstante, a análise dos exemplares de ouros e pratas atualmente inseridas no jogo me causam a sensação de que naquelas se vê maior liberdade criativa dos desenvolvedores e maior oferta de mecânicas diferenciadas que nestas. É mais comum ver cartas de efeitos originais entre as ouros, como o Imlerith: Sabá e o Vilgefortz. Isso, todavia, não chega a ser uma diferença concreta entre as duas cores, pelo que não desautoriza o tratamento indistinto trabalhado ao longo deste texto.

Outro comentário que considero relevante diz sobre o estado geral das ouros e pratas no Gwent atual. Na semana passada, discorri sobre o nível de poder médio das bronzes viáveis o que, por razões que a seguir explico, não julgo interessante fazer com as cores desta aula.

Isso porque, ao menos a meus olhos, as ouros e pratas tem sempre sua pertinência avaliada com certo grau de análise por preenchimento – ou por contra-jogo – e, com isso, não se adéquam à avaliação de estado geral, a qual  se aproxima mais das análises direta e sinérgica. Não é que o estado geral destas duas cores não possa ser avaliado, mas demandaria quantidade de linhas que dariam a esse já extenso texto dimensão exorbitante. Talvez em aula futura o tema possa ser enfrentado com a atenção que merece.

Chega ao fim a aula de hoje e adianto que o tema da semana que vem será a construção de baralho. Longe de ser especialista, creio que tenho lições importantes a compartilhar com o leitor do Taverna. Como sempre, incentivo que participem e proponham discussão, com comentários e críticas saudáveis!

Até semana que vem!

 

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