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Entenda Gwent

ENTENDA GWENT – AULA 6: CONSTRUÇÃO E REFINO DE DECK

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29 de março de 2018

Introdução

Hoje adentro tema de interesse geral. Traduzirei em etapas o processo pelo qual concebo e refino meus próprios baralhos, com as devidas explicações que soarem pertinentes. Adianto a confissão de que não sou sumidade no ramo e perco em talento e experiência para muitos outros jogadores no quesito. Por outro lado, provavelmente tenho um par de contribuições úteis para boa parte da comunidade, razão pela qual resta ao crivo do leitor aproveitar ou não o texto que segue.

Descrevo cinco etapas, que vão das primeiras ideias até a avaliação final do baralho pronto e testado. Caso o jogador opte por trabalhar com um deck já formado – ou seja, netdeckar – pode pular as três primeiras etapas e partir direto para o refino da lista. Ao final, exemplifico meu processo de construção e refino, com as cinco etapas, em  simplificada da elaboração do meu baralho principal neste meta.

Etapa n°. 1 – Identificação do conceito

Todo baralho começa por um conceito, ou seja, uma ideia que instiga o jogador a aglutinar determinadas cartas com algo que as una. Basicamente, qualquer ideia serve de conceito: sinergias tribais, como entre elfos ou entre tuirseachs; combos, como An Craite: Espada e Dimun: Dracar Leve;  até mesmo o aproveitamento de cartas de bom valor já é um conceito – do qual, inclusive, já surgiram muitos decks tier 1 no Gwent.

A identificação do conceito, portanto, nada mais é que aquele primeiro sopro que nos perpassa e provoca o questionamento: “E se eu montasse um deck disso?”.

Na maioria das vezes, as ideias são oferecidas expressamente pelo próprio jogo, geralmente por meio das categorias atribuídas às cartas. Em outros casos, é a própria criatividade da comunidade que faz nascer o arquétipo, a exemplo do que se deu com o Nilfgaard – Handbuff – aquele mesmo que fortalece uma unidade, a devolve para a mão com Emhyr Var Emreis e depois abusa de múltiplos Escudo de Wyvern e Observador.

Todo baralho começa, portanto, por um conceito.

Etapa n°. 2 – Conformação do núcleo

Determinado o conceito, a ideia, parte-se para a escolha das cartas que melhor se adéquem a ele, que constituem o núcleo.

Quase sempre, o momento de identificação do conceito e o de conformação do núcleo se sobrepõem em parte, eis que os conceitos arquetípicos, de forma geral, são identificados justamente a partir de cartas que, por lógica, terminam inclusas. O conceito que parte do combo An Craite: Espada e Dimun: Dracar, por exemplo, obviamente está vinculado à inclusão dessas duas cartas. Nilfgaard – Alquimia, em mesmo sentido, foi incentivado pelo advento do Novato de Vicovaro e do Bruxo Víbora, os quais são obrigatórios a todas as versões do arquétipo.

O núcleo, todavia, não se constitui apenas das cartas centrais, essenciais, como as citadas acima, em torno das quais gira o arquétipo. Inclui, também, cartas que se amoldam ao conceito e adquirem importância por sua sinergia – sem elas o baralho funciona, mas em nível sub-ótimo. Ainda, importante destacar que, conquanto o conceito arquetípico é geralmente extraído das bronzes, o núcleo do baralho pode ser composto por cartas prata e ouro também.

Quando se pensa no arquétipo Skellige – Tuirseach: Machadeiro, por exemplo, a inclusão de Sacerdotisa de Freya e Dimun: Corsário não é essencial, mas certamente compõe o núcleo de suas melhores versões. Derran é prata, e é essencial, compõe o núcleo. Birna Bran é uma ouro que compõe o núcleo, sem, no entanto, ser essencial.  São exemplos.

A conformação do núcleo, portanto, é a identificação e inclusão das principais cartas que compõem o plano de jogo, tanto as essenciais quanto as que, por sinergia, oferecem grande valor e utilidade, seja de qual cor forem.

Etapa n°. 3 – Preenchimento de lacunas

Conformado o núcleo do baralho, o mais comum é que restem espaços vagos sem que haja cartas obrigatórias ou especialmente sinérgicas para preenchê-las. Essas últimas vagas serão preenchidas por meio de análise por preenchimento ou por contra-jogo – conceitos já trabalhados em outras aulas.

A depender da cor da vaga – bronze ou prata/ouro – a pedra de toque do preenchimento de lacuna será diversa. Para identificar as melhores bronzes para compor os espaços vazios, o referencial é a consistência – ao menos em minha abordagem. Me refiro a consistência no sentido de mínima variação de performance entre partidas, o que se desdobra em meios para garantir o acesso à estratégia central e em meios de responder – com proteção ou disrupção – aos variados adversários.

Reconhecimento é um exemplo de bronze que se insere nas lacunas dos baralhos para conferir acesso consistente ao restante do conjunto. Raiar do Dia é um exemplo de cobertura de fraqueza – no caso, ao clima, o que não tem sido tão necessário no meta presente.

Se, por outro lado, as vagas restantes são de ouros e pratas, além do referencial da consistência, ainda é válido preferir o referencial do valor e da utilidade. Isso porque há vasta opção de ouros e pratas com bom valor e que independem de sinergia com o restante do baralho – o que não acontece nas bronzes. Shani, por exemplo, é uma ótima escolha em qualquer baralho dos Reinos do Norte, assim como Sigrdrifa entre bem entre as pratas de quase todos os decks Skellige. Ressalto que a escolha pela consistência é igualmente interessante, e caberá ao jogador optar, de acordo com o meta, o arquétipo sobre o qual se trabalha e as opções de cartas disponíveis.

Etapa n°. 4 – Experimentação

Quando se adentra a quarta etapa o baralho já está completo. Após o preenchimento de lacunas, já se tem um conjunto das 25 – ou mais – melhores opções para se efetivar o conceito arquetípico, na visão do construtor. Encerra-se a construção e se passa ao refino.

Ocorre que toda a construção se dá com base em hipóteses e só a prática revelará  se o que foi planejado transcorre conforme a ideia. A experimentação, portanto, é a etapa na qual o baralho é levado a jogo para verificar em que funciona ou tropeça, a possibilitar correções.

Não raro, o baralho montado enfrentará um meta altamente hostil, apinhado de decks que o respondem com facilidade, e mudanças profundas serão necessárias, por vezes até sobre o núcleo. A bem da verdade, qualquer carta é passível de substituição se na prática não se revelar eficaz, exceto as essenciais.

Noutras vezes, a substituição será motivada não por dificuldades impostas pelo meta, mas pela identificação de formas de explorar o ambiente de jogo. Foi assim que, recentemente, muitos baralhos passaram a incluir Mandrágora, para explorar as fraquezas de Jan Calveit, dos Nekkers e do Imlerith: Sabá, prioritariamente.

Para exemplo: jogadores mais experientes, quando se defrontam com Nilfgaard – Alquimia, já antecipam que o adversário utilize Cerveja Vencida, e para negar-lhe valor concentram suas unidades em uma ou duas fileiras. Ciente desse comportamento, o usuário do arquétipo tem a opção de retirar Cerveja Vencida em prol de alguma outra alquimia prata, como o Sangue Preto ou o Sonho do Dragão.

Na minha visão, a experimentação é a etapa mais importante de todas, e saber conduzi-la é essencial para a formação de um grande jogador. Identificar padrões e soluções nem sempre é tão fácil, mas, quando executado de forma certeira, pode significar a diferença entre a ascensão e a estagnação na ranqueada.

O meta está em constante reacomodação, então a etapa de testes nunca está completamente terminada. Sempre há que se cogitar possíveis mudanças, em especial diante de padrões de jogo recorrentes. A partir de certo ponto, porém, as opções deixam de ser nítidas e o desempenho do deck se torna estável, depois do que se parte para avaliação.

Etapa n°. 5 –  Avaliação do Baralho

A avaliação nada mais é que a consolidação do juízo do jogador acerca do resultado obtido com o baralho. É o ponto a partir do qual baterá o martelo sobre a viabilidade ou não do deck – naquele momento. Não é propriamente um etapa da evolução da lista – não é construção nem refino – mas marca a conclusão das duas.

A esta altura, restam três sugestões. A primeira delas é ter sempre em mente que o meta se reacomoda constantemente, muitas vezes sem qualquer rebalanceamento por parte dos desenvolvedores. Por essa razão, o que não é bom o bastante, algum tempo depois, pode se encaixar perfeitamente ao contexto do Gwent e fornecer ótimos resultados. Disso, concluo que é sempre interessante manter em mente conceitos de decks que, se não originaram baralhos sensacionais, guardam potencial que pode serem desenvolvidos em visitas futuras.

O combo An Craite: Espada + Dimun: Dracar Leve já existe há muitos meses, poucos buffs recebeu desde então, e no último mês alcançou seu melhor desempenho. Skellige – Tuirseach: Veterano estava completamente esquecido desde a mudança dos Tuirseach: Veteranos para a categoria suporte, mas voltou com grande força após o CDPR ventilar mudanças no servidor de testes, que nunca realmente chegaram à versão principal mas instigaram a criatividade dos jogadores em trabalhar sobre o arquétipo. Esses exemplos me bastam, mas há outros.

A segunda sugestão é de que há tanto valor em ser competitivo quanto em ser divertido. As ranqueadas, onde exige-se desempenho, não são o único modo de jogo no Gwent, e baralhos que divertem, apesar de serem inconsistentes, não devem ser abandonados por tanto.

A última e mais importante sugestão é que todo processo de construção e refino de um baralho agrega ao jogador conhecimento e experiência, a torná-lo, portanto, melhor. Não encare como tempo perdido o que gastar no aperfeiçoamento de um deck que não vingue. Pelo contrário, procure entender os motivos do insucesso: as fraquezas da versão final, os motivos do potencial imaginado não ter se concretizado, os aprimoramentos necessários para que viesse a ser viável etc.

A etapa de avaliação, portanto, não se limita a julgar o baralho. Deve se prestar como apanhado de conclusões obtidas pelo jogador ao longo de todo o processo, não só sobre o arquétipo trabalhado, mas também sobre o meta e o Gwent de forma geral. De invenções fracassadas podem ser tiradas descobertas e constatações valiosíssimas.

Ponho em prática

Para encerrar a publicação, ofereço exemplo concreto de todas as etapas propostas levadas à prática.

Começo pela identificação do conceito: a análise direta do Novato de Vicovaro e do Bruxo Víbora indica o potencial do arquétipo Nilfgaard – Alquimia. O primeiro faz 14 pontos se puxar a Cerveja de Mahakam, e o segundo faz quantia semelhante a depender da quantidade de alquimias no baralhos.

Para compor o núcleo, portanto, incluo três cópias de cada um, além de três Cervejas de Mahakam, que compõe o conjunto de 14 pontos do Novato de Vicovaro. Para extrair ao menos 14 pontos do Bruxo  Víbora, preciso de mais seis alquimias. Rapidamente identifico e incluo três cópias do excelente Unguento, que ressuscitará os Bruxos e os Novatos. São essas as cartas essenciais, mas o núcleo ainda não está completo, pois há diversas sinergias a explorar.

A prosseguir na busca de alquimias que se somem às Cervejas de Mahakam e Unguentos e totalizem o mínimo de nove cartas, investigo entre as ouros e pratas. Considero como as três mais satisfatórias Pedra Rúnica Dazhbog,  Mandrágora e O Teste das Ervas. Ao analisar as sinergias disponíveis, incluo Carpeado, Assire Var Anahid, Vesemir: Mentor e Cahir Dyffryn, e defino Jan Calveit como líder. Avalio, ainda, como fundamental a inclusão de Cantarela, pela vantagem de cartas.

Definido o núcleo, preciso ainda de três bronzes, uma ouro e uma prata. Escolho Vilgefortz como ouro, por seu excelente valor, e Cerveja Vencida como prata, por seu valor potencial interessante e para aumentar o valor do Bruxo Víbora para 15 pontos. Preencho as três vagas bronzes com cópias do Escravagista, que aumentará a consistência dos Novatos de Vicovaro, das Cervejas de Mahakam e dos Unguentos.

Parto para os testes e identifico problemas: O Teste das Ervas é vulnerável demais; Cerveja Vencida é facilmente evitável; em muitos jogos termino sem tirar Cahir, o que torna sem efeito o fortalecimento do Jan Calveit com a Mandrágora; Jan Calveit é prioritariamente banido pelas Mandrágoras dos adversários; Escravagista é pouco confiável em muitas matchups. Não obstante, o deck possui muito potencial, e domina partidas quando a estratégia funciona, além de counterar muito bem arquétipos que dependem de motores.

Soluciono os problemas com as seguintes substituições: O Teste das Ervas da lugar a Stefan Skellen, que aumentará a consistência com que consigo Cahir ou qualquer outra ouro que precisar; Cerveja Vencida cede espaço a Sonho do Dragão, que extrai valor justamente da estratégia do oponente de aglutinar unidades em uma ou duas fileiras;  incluo Mardroeme no lugar de um dos Escravagistas, para fortalecer o Calveit e protegê-lo contra Mandrágoras, alem de compensar a retirada do O Teste das Ervas no total de alquimias, e reduzir a incidência de aleatoriedade em meu jogo.

Avalio, por fim, que o resultado foi mais que satisfatório, a conformar baralho que compete muito bem acima dos 4K de MMR. Com exatamente esta lista subi a GM nesta temporada e na anterior. O processo inteiro me forneceu outras conclusões sobre o Gwent – muitas das quais já compartilho aqui desde a primeira aula.

Espero que tenham curtido esta edição. Ficou um pouco mais longa que as últimas, que já vinham grandinhas demais, então prometo economizar um pouco nas próximas. Confesso que a parte de construir e refinar baralhos é, para mim, uma das mais interessantes de todos os cardgames que experimentei. No Gwent ela é especialmente prazerosa, e é sensível o impacto de cada alteração devido a dimensão diminuta dos baralhos.

O tema da semana que vem será mais brando e informativo. Falarei da mecânica de Troca, o velho mulligan. Aguardo-os!

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