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Matérias Polêmicas

VOCÊS ACHAM QUE O DECK DE MILLFGAARD DEVERIA EXISTIR NO GWENT ?

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27 de novembro de 2017

Decks que se baseiam em milling – ou seja, tentam reduzir o deck do oponente a zero cartas – sempre foram comuns nos card games. É forma alternativa de vencer partidas, o que por si já atrai interesse de muito jogador, e geralmente conta com certo suporte das desenvolvedoras, de forma a criar um arquétipo plenamente válido.

Em verdade, mill enquanto arquétipo, tende a ser instituído pelas próprias desenvolvedoras. Em Magic, por exemplo, a regra dita vitória quase automática quando o deck do oponente fica zerado, e há vastidão de efeitos que retiram diretamente cartas do baralho adversário. Em Hearthstone, cada vez que o oponente tenta comprar e não há mais baralho ele perde uma quantidade progressiva de pontos de vida. A partir de algo assim, regras sobre deck zerado e/ou cartas específicas, constrói-se o arquétipo.

No Gwent, o caminho foi inverso. Nenhuma regra específica disciplina o que acontece se o oponente não tiver mais cartas no deck, e cartas que atingem direta ou indiretamente o deck do adversário são escassas – e eram ainda mais há alguns patches. Ocorre que, pelo fato de os baralhos serem pequenos e por haver muitas cartas que afinam o deck do próprio jogador, millar passou a ser encarado como algo possível. Posto isso, mesmo sem previsão específica de consequência caso um deck seja zerado, a própria dinâmica do jogo, que valoriza a quantidade de cartas em mão, já acarretava vantagem considerável para o jogar que fosse capaz de comprar quando o adversário não tinha da onde fazer o mesmo. Assim, surgiram os primeiros decks mill, que passaram por evolução e receberam, há alguns meses, certo suporte dos desenvolvedores, até se consolidarem na forma do famigerado Millfgaard, com pequenas variantes.

Ocorre que o arquétipo é extremamente incongruente com a sistemática de Gwent. O primeiro problema reside na já mencionada escassez de efeitos que de alguma forma retiram cartas do deck do oponente, e para que o milling funcione é necessário que o deck do oponente se afine por conta própria. Em outras palavras, há adversários que podem ser zerados e outros que não, ou seja, sua condição de vitória se determina pela forma como o oponente constrói o deck dele, e não pela forma como ambos os jogadores se portam durante a partida. Para simplificar: o deck que se afina consideravelmente já começa derrotado, por assim dizer – a menos que o Millfgaard, por puro e extremo azar, com um minúsculo toque de interatividade, não consiga usar suas ferramentas. Por óbvio, não há diversão em partida que a derrota já é sabida desde o princípio.

O segundo problema é que decks que se afinam não deveriam ser punidos num jogo em que o afinamento é incentivado. Em Gwent os decks são pequenos e há muitos efeitos de afinamento por uma razão muito simples: promover a consistência. Desde sempre Gwent se apresentou como um card game onde o RNG seria o menos determinante possível, e uma das formas de efetivar isso é minimizar a variabilidade de performance dos decks a cada partida, através tanto de decks pequenos quanto de efeitos que o reduzem ainda mais.

O baralho que se afina é consistente, e isso representa aspecto importantíssimo na construção de decks. Daí a existência de decks cuja plano de jogo é justamente arrebentar com outros só por esses serem bens construídos é completamente sem sentido. Ainda além, se o baralho planejado para se afinar com o objetivo de ser consistente passa a encontrar com certa frequência oponentes que o punem justamente por esse característica, a consistência se compromete e o afinamento perde sentido. Assim, perde sentido um dos aspectos que o próprio jogo sempre ostentou como bandeira. Absolutamente incoerente!

O terceiro grande problema do milling em Gwent é que ele estica demais a partida. Se em cada turno se joga uma carta e o arquétipo mill, em teoria, promove compra de todas as cartas do deck, significa que a partida duraria 25 turnos de cada jogador – não é bem assim, mas próximo disso – o que, traduzido em minutos, é tempo demais. Jogos tão longos não só são menos divertidos, especialmente para o jogador que já sabe que vai perder, como emperram os planos de quem quer subir nas filas ranqueadas ou preencher a infinidade de jogos que a ranqueada profissional exige.

Em suma, o arquétipo vai contra pontos centrais da filosofia de Gwent: interatividade, consistência, fluidez e, consequentemente, diversão. Obviamente, a estratégia de milling atrai quantidade considerável de adeptos e, mesmo com seus problemas, promove alguns jogos interessantes, mas isso não compensa sua nocividade. Felizmente, porém, tem sido cada vez mais raro topar com Millfgaard por aí, e talvez fosse melhor sepultar o arquétipo de vez.

Abaixo o deck clássico de Millfgaard

Deixem seus comentários e até uma próxima.

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6 Comments
  1. Responder

    Ivanhoé Oliveira

    3 de março de 2018

    Nunca tive problemas com esse deck em sua época, bastava não ter um deck seco demais 25 cartas. Com 29 já estava ok, dificilmente ficava sem carta.

    Nunca fui contra o deck não só porque praticamente não tive problemas com ele, mas também porque acho válido que se agreguem novos, e mais novos arquétipos.

  2. Responder

    guilherme do nascimento silva

    28 de novembro de 2017

    gostaria de recomendar o proximi deck polemico e divisor de aguas: o mulligan dos scoia taels. tem como dar certo ou nao? com quem deu certo? onde essas pessoas vivem? o que comem ? isso voce vera na taverna de rivia.

  3. Responder

    Marcos KarraskO

    27 de novembro de 2017

    Divertido pra quem joga com, divertido pra quem joga contra e vence, irritante pra quem joga contra e perde. Odeio, porem acho válido.
    Por sinal, montei um Mill pra mim hoje.

    • Responder

      Dmm17

      28 de novembro de 2017

      Já tive partidas divertidas contra mill também, mas acho que a graça veio mais da catarse de chutar um traseiro de um maldito millfer kkkkk.

      Se por um lado toda build é válida, por outro não acho que faça muito sentido continuar dando suporte ao arquétipo se ele contraria políticas de desenvolvimento importantes.

      No mais, valeu pela contribuição, mano!

  4. Responder

    Ewerton Henrique

    27 de novembro de 2017

    Concordo com boa parte, o sistema de “millar” vai contra a alma do gwent que é afinar o deck e manter a consistência…acho que por mais que um deck que se afine mt esteja contra um millfgaard ainda há chance de vitória, mas o adversário do mill deve pensar muito mais em suas jogadas que o proprio mill…isso é meio injusto e nada divertido…ótima matéria

    • Responder

      Dmm17

      28 de novembro de 2017

      Valeu o feedback, Ewerton! Sim, há chance, mas eu realmente acho ela bem pequena se nada der muito errado com as primeiras draws do milf – e se o controlador souber o que faz, claro kkkk. Isso considerando um deck que afina muito, tipo NR com 25 cartas, Espiões e Skellige com muito discard.

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